por Priscila
Oliveira
O empate em 1 a 1
entre Atlético e Grêmio pela final da Copa do Brasil 2016, realizado na
quarta-feira, 07 de dezembro, na Arena do Grêmio, foi o primeiro jogo após o trágico
acidente com o time da Chapecoense. Nem sei se deveria ter acontecido, tamanha
a consternação que tomava conta de todos.
Na arquibancada, as
torcidas irmãs se respeitavam e juntas, em coro, gritavam "Vamos, vamos
Chapêêê". Foi de arrepiar! Assim como foi de arrepiar o toque do trombone
no gramado com jogadores e imprensa prestando a última homenagem aos que
perderam as suas vidas pelo sonho de um título de futebol. Victor, pra mim, foi o
símbolo da dor e da impotência diante de um fato tão triste, naquele instante. Chorou
um choro de dor inconsolável por aqueles que partiram, os seus colegas irmãos
de profissão. Depois, enxugou as lágrimas e foi para seu último compromisso do
ano. Pergunto-me, ele tinha condições de estar em campo com toda aquela emoção?
Como ele conseguiu jogar aquela partida? Algum jogador ali, REALMENTE, tinha
condição de ignorar o sentimento que tomava conta de todos?
Enfim, a bola rolou e o adversário, o Grêmio, conseguiu manter a vantagem conquistada em Belo Horizonte e ficou com o título. Dessa vez não deu
para o Galo. A virada não veio, o título ficou em terra gaúcha. Se o adversário
tivesse deixado a bola correr talvez a sorte tivesse sido outra para o
Atlético. Mas, tenho dúvidas se foi tática de jogo, ou se foi “o que deu pra
fazer” diante de uma atmosfera que não era a de uma final de Copa do Brasil. Houve
muitas faltas parando o time atleticano. É certo, também, que no início da
partida, no melhor momento de pressão do Atlético, faltou pontaria e
inteligência para saber aproveitar a ocasião. Mas, volto a perguntar, alguém
tinha condição normal de raciocinar, poucos dias após uma tragédia daquela?
Jogador não é máquina.
Não era noite para o futebol, não era
noite de Galo. Ficou a sensação de que se fosse uma final, sem a comoção pelo ocorrido, daria pra virar. Ainda, assim, o menino Cazares
abraçou essa noite sinistra. Aos 46 minutos do 2º tempo, em um chute lá de antes do meio da rua, fez a bola encobriu o
goleiro e ir lindamente para o fundo do gol. Lindo, lindo! Um "gol que Pelé não fez! Um gol antológico que ofuscou
ainda mais o brilho do título gremista. Uma obra magnânima que, por
decreto, deveria valer o título. Ou, ao menos, deveria valer Prêmio Puskas 2016. (acho que a
seleção já está fechada, mas não custa tentar).
Por hoje, aceito a
perda do título, porque o futebol, pra mim, dessa vez, não estava em 1º lugar. Por
hoje, não permito tristeza por não ter vencido. Tenho vergonha de expor a minha
dor por não ter visto o Galo campeão. Afinal, a minha dor é ínfima diante da
tragédia com o voo da chapecoense. Por hoje, quero sair de mãos dadas com o
adversário que me derrotou. Em paz! Por hoje, quero que eles comemorem o
título conquistado. Por hoje, não foi só futebol, nunca foi, ou será, só
isso.
Vamos,vamos
família Chape!
Saudações
Atleticanas!!!
Foto: Internet